Moinho

Projecto Teatral, 2013

Teatro Municipal Maria Matos

Anunciava-se no sítio da internet:

Projecto Teatral

Moinho – Palco da sala principal

Teatro

qua 13 a dom 17 fevereiro [2013] 20h30 às 23h30

Entrada livre 

(sujeita à lotação da sala) mediante levantamento de bilhete no próprio dia a partir das 15h00

 

Depois de levantado o bilhete, dirigi-me para a porta da sala que estava fechada. Validado o bilhete, perguntei quanto custava o programa que a menina tinha na mão. “É oferecido, mas só quando sair.” Entrei. A sala estava escura e apresentava-se no formato provisório de plateia em bancada, ou seja, da entrada não se via o palco.

Conhecendo algumas das obras do Projecto Teatral, não esperava Teatro, mas uma peça estava lá: um grande círculo de farinha, construído através do arrasto central de uma tábua de madeira (imagino eu). Uma rampa podia levar-nos até ao palco mas eu preferi começar pela plateia. Afinal, o teatro clássico vê-se da plateia. Os atores desta peça eram iguais a mim, tinham o mesmo bilhete, e deambulavam em volta da forma redonda. Num ponto próximo da circunferência abria-se um buraco que não deixava ver fundo. Em tempos antigos o teatro tinha o Ponto que se escondia ali, à vista de toda a gente…

Ao entrar no palco passei para o lado do fingir, e olhei a plateia. Estava meia dúzia de pessoas sentadas. Os holofotes incidiam no círculo e os atores ficavam na penumbra. Eu passara a ser ator. Naquela peça havia sempre mais atores que público. Fiquei ainda algum tempo por ali, a ver os pormenores do arrasto da tábua na farinha, a ver como o contorno se ia definhando com o tempo, a ver o pó a espalhar-se pelo palco que no início não era seu.

Fui lá no último dia e vi a última representação. O teatro é assim, cada sessão diferente das anteriores, cada passo de cada ator sempre ligeiramente ao lado, cada grão do pó da farinha mudado por cada um.

No fim deram-me o programa que nada dizia. Tinha apenas fotografias dum breve passado do Moinho, por onde eu tinha passado.

Porque Moinho não é palavra, não é escultura, não é teatro, é a experiência poética do lugar construído.

Hugo Rodrigues Cunha 

 

Bibliografia:

‘Projecto Teatral’ <http://www.projectoteatral.pt/index.php/home> [acedido 14 Junho 2015]

‘Moinho’ <http://www.projectoteatral.pt/index.php/moinho> [acedido 14 Junho 2015]

‘Projecto Teatral – Teatro Maria Matos’ <http://www.teatromariamatos.pt/pt/prog/teatro/2012-2013/projectoteatral> [acedido 14 Junho 2015]

Imagem de:

‘Moinho’ <http://www.projectoteatral.pt/index.php/moinho> [acedido 14 Junho 2015]